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PARQUE URBANO DOS MANINHOS

Projecto elaborado por Sara Santos Ferreira no âmbito da dissertação final de Mestrado em Arquitectura Paisagista (FCUP) e do Estágio na Xscapes - Sociedade Unipessoal de Arquitectura Paisagista.

 

LOCALIZAÇÃO:  Maia

DATA: Junho, 2011

COLABORAÇÃO: Xscapes - Sociedade Unipessoal de Arquitectura Paisagista

 

 

Proposta para um Parque Urbano na cidade da Maia, com vista à resolução de problemas de drenagem urbana, através da aplicação de técnicas sustentáveis de drenagem.

 

A área de projecto á atravessada por uma Ribeira, a Ribeira dos Mogos, a qual foi o ponto de partida da proposta não só por questões de gestão de águas mas também pela qualidade das mesmas. As suas águas são poluídas e correm entubadas a montande e a jusante do Parque. A Bacia Hidrográfica da Ribeira, fortemente impermeabilizada, é muitas vezes sujeita a inundações em situações de chuvas extremas. Em função da área a drenar, da morfologia do terreno e da intensidade de precipitação, estavam previstos afluir à área de intervenção, num período de retorno de 50 anos, um caudal de 7 a 10 m3 /s.

 

Assim, os principais contornos deste projecto prendem-se com o elevado volume de água que a área de intervenção terá de acolher, com a má qualidade das águas da Ribeira e ainda com a atribuição da função de Parque ao local. Esta proposta terá como objectivo resolver todos os problemas de qualidade e gestão de águas, bem como  potenciar o  sistema hídrico existente e a sua aptidão enquanto área verde de recreio e lazer.

 

Numa primeira fase foi feita uma análise biofísica e antrópica da Bacia Hidrográfica da Ribª dos Mogos, com o propoósito de tentar perceber qual a origem de todos os problemas de drenagem do local e da sua envolvente e qual a solução mais adequada a adoptar.

 

Dado o elevado volume de água em questão, uma Bacia de Retenção foi a técnica que se verificou mais adequada e neste sentido, foi desenvolvida tendo em consideração o pior dos cenários; foram considerados 10 m3/s de caudal, o que implicará um volume de encaixe da bacia de retenção de 13500m3, para uma chuvada com cerca de 22 min de duração.

 

A escolha da localização da Bacia de Retenção foi feita tendo em conta  a área mais extensa e capaz de acolher o volume total de água afluente previsto e sem um uso próprio definido. Foi também a zona que melhor permitiu a articulação das dinâmicas de mobilidade do Parque com a presença da água.

 

Após a análise do local e de acordo com os contornos do projecto, é possível identificar e prever um esquema de zonamentos - áreas e funções. Identificam-se três áreas com carácter e função já definidos:  a Praça ajardinada a norte do Parque, o Jardim pré-existente na margem esquerda da Ribeira e uma grande área de Mata. Para estas três zonas o objectivo é potenciá-las e integrá-las no Parque dando-lhe um caracter de unidade. Também na margem esquerda da Ribeira há lugar para uma grande Clareira, a qual será, em episódios de chuvas extremas, o local de retenção das águas, e uma outra de dimensão menor na margem oposta, um dos locais de recepção do Parque. Ao longo de toda a Ribeira serão criadas condições para regeneração de toda a Galeria Ripícola.

 

Antevendo as futuras construções nos limites da área de intervenção e com o próprio desenho do Parque, são identificados os potenciais eixos de mobilidade. Tendo em linha de conta a bacia de retenção a implementar, os percursos foram traçados de modo a permitir um agradável trajecto pelas diferentes áreas e fazendo com que este se realize na maior extensão possível, sem que fique submerso aquando de eventos de chuva extremos. Neste sentido, os principais percursos são feitos na sua maioria a uma cota superior à máxima prevista para a altura de água na bacia, havendo no entanto certas zonas em que se assume que fique submerso durante a época Invernal, mas privilegiando-as durante a época Estival.

 

Quanto à vegetação proposta, são privilegiadas  essencialmente espécies autóctones e de carácter ripícola ao longo da linha de água e em certas zonas sujeitas a inundação. A sua localização foi influenciada por eixos visuais a realçar e a mitigar. Na maioria dos limites do Parque não existe uma relação permeável com a envolvente – trata-se de traseiras de edifícios – sendo que aqui a vegetação adquire um papel fundamental no sentido de minimizar o impacto dessas estruturas. Pelo contrário, onde a relação é permeável, o objectivo é abrir vistas e marcar entradas.

 

Foram feitas simulações da bacia de retenção para diferentes períodos de retorno, com o objectivo de prever os diferentes cenários possíveis no Parque. Assim, para um período de retorno de 50 anos será previsto afluir ao local um volume de 13500 m3, para  20 anos 9000 m3 e para 5 anos é previsto um volume de água de 4500 m3.

 

O controlo dos volumes de saída da bacia de retenção é feito a partir de uma barreira física localizada estrategicamente debaixo da passagem superior, acabando esta última por mitigar o seu impacto visual. Esta barreira possui aberturas que na sua totalidade apenas permitem a passagem de um volume de água igual ou inferior ao volume de água que é possível escoar na conduta a jusante do parque - local onde a Ribeira volta a ser entubada. Numa situação normal de chuva, as águas pluviais fluem livremente no troço entubado da Ribª a montante, percorrendo depois o Parque e voltando a a ser entubadas a jusante do mesmo, sem qualquer problema. Quando ocorrerem eventos de chuva significativos, as águas fluem no troço entubado a elevada velocidade e chegando ao Parque a sua energia é dissipada. Devido ao elevado volume de água afluente, a bacia de retenção começa a entrar em carga, apenas escoando o volume de água permitido pelas aberturas da barreira. A situação a jusante é assim normalizada, afluindo apenas o escoamento previsto para as dimensões da conduta. Assim que terminar a chuvada, a situação voltará a regularizar-se pelo esvaziamento da bacia.

 

Foram também propostas medidas sustentáveis de drenagem a aplicar em toda a área da Bacia Hidrográfica da Ribeira dos Mogos. Estas medidas passam pelo controlo na origem, no sentido de diminuir os volumes de escoamento e evitar que estes se acumulem a jusante. Medidas de pré-tratamento são também propostas a integrar na área da Bacia, para uma melhoria da qualidade das águas de escoamento superficial e para evitar a contaminação de outras águas e solos. 

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